Realmente, tentar discutir sobre religião não seria uma boa escolha para ser realizada naquela época, pelo visto todos eles eram muito religiosos e sair da linha acarretaria sua morte na certa. Sabe-se lá o que aconteceria se matasse seu ancestral antes de gerar um primogênito, possivelmente Atena nem existiria e a Chronos quebraria.

– Que Deus o ouça, meu amigo, que Deus o ouça. – batendo levemente no ombro de Pedro, Pero Vaz sobe na caravela junto de outros oficiais, cartógrafos, padres e outros tripulantes. – Venha garoto, e cuidado com meus pertences! – olhando para cima, Joaquim pegou as coisas e também subiu na caravela.

– Se meus cálculos estiverem certos, pegaremos uma corrente de ar assim que desaguamos no mar. – um cartógrafo, chamado de Geraldo da Rocha, consultava suas anotações e alguns portulanos de outros autores.

Joaquim carregava as caixas com materiais de escrita de Pero Vaz para dentro da caravela, organizando também o local para dormirem mais tarde. Lá em cima, no colvez, Pedro Álvares dava ordens a seus homens enquanto Geraldo desenvolvia cálculos matemáticos para arrumar as velas do navio.

9 de março de 1500 marca a partida das embarcações do porto de Lisboa em direção às Índias, com mais de mil homens em 3 caravelas e 10 naus, Atena sentia-se como se realmente fizesse parte da história daquela época.

Assustou-se quando ouviu falar entre os marinheiros, uma frase costumeira das pessoas que embarcavam em navegações e conseguiam retornar dentre os vários que se perderam pelo caminho devido a tempestades, doenças, acidentes e outras coisas: “A praia das lágrimas para os que vão. A terra do prazer para os que voltam.” Era triste pensar o quão mal desenvolvida era a ciência na época, poderia ter salvado tantas pessoas se a igreja não tivesse alienado toda humanidade.

Dias se passaram, assim que saíram do porto, pegaram uma corrente de ar muito oportuna, o que acelerou levemente a viagem. O que mais deixava Atena curiosa era como o tempo passava mais rápido que na sua realidade, ela estava dentro da Chronos há algumas poucas horinhas, enquanto no momento histórico, o tempo passava igual cachaça perto de um alcoólatra com sede em altas horas da madrugada.

Dentre aqueles dias monótonos, mas movimentados dentro daqueles poucos metros que fazia-se aquela navegação, Atena não aguentava mais as ordens de Pero Vaz, não é atoa que Joaquim fosse um pouco quieto e a mente em repleto caos. Volta e meia ela tenta responder aquela voz, que perguntava o motivo dela ter roubado seu corpo, porém não obtia sucesso devido ao conflito desconhecido de pensamentos.

Quando Pero não estava enchendo seu saco, Joaquim ficava escorado em algum marco observando o horizonte azul, às vezes com nuvens, outras sem, mas para todos os lados só havia água, nem uma rica alma para contar história além dos peixes e os navios que navegavam juntos.

Um dia, próximo ao final de março, uma outra embarcação surgiu no horizonte, se aproximando no final do dia, o sol se põe a oeste enquanto ao sudeste e leste avançava uma estranha tempestade. Atena já havia concluído que seria uma longa noite.

Souberam em seguida que tratava-se de um navio inglês, que passou por maus momentos ao longo da viagem, mas que ainda se mantém em pé. Pedro Álvares pediu ao piloto para desacelerar, esperando que os ingleses também repetissem essa escolha.

Geraldo olhava à distância, ele era novo igual Joaquim, no auge de seus 23 anos, mas com aparência mais jovem, coisa rara em vista a época. Joaquim estava ao seu lado. Ao longo dos dias que passaram juntos, desenvolveram uma bela amizade, contando histórias que viveram e ideias de mundo, sorte que Atena tinha conhecimento suficiente para criar um laço de amizade em outra linha do tempo.

– O que achas que eles estão conversando? – Geraldo perguntou, mordiscando um pedaço de peixe recém cozido.

– Faço a mínima ideia, mas acho que eles tentarão algo que Pedro não espera. — Atena sabia que aquele garoto desejava sempre o caos, sua vontade de gastar sua raiva acumulada a contagiava, mas não podia, em decorrência da Chronos e a mudança na linha do tempo.

– Venha, precisamos nos aproximar. – Geraldo pega outro pedaço de peixe em cima do parapeito e ambos descem as escadas que liga a proa principal com a proa superior, lá de cima, um vigia curioso também descia do caralho, um cesto no alto do mastro principal.

– How dare you deny food to other navigators of God? We are commanding! – O comandante era alto e robusto, cabelos loiros e carregava uma expressão de superioridade e elevado ego em relação aos outros que se relacionavam entre os navios.

– I deny giving you my supplies, there are many of us and we will be making a long round trip and every bite is crucial! – Pedro estava em êxtase, quase pulando em cima de Charlie, o inglês.

– In the name of God, I tell you, this is a divine sin. – Charlie jogava as palavras ao vento, como se fosse um padre, o que de fato era.

– For the Church, this is nothing but a denial, if we could, we would do this favor, but at the moment, I believe this will not be possible. – O padre Henrique aparece logo atrás, carregando uma cruz em uma mão e uma pistola na outra.

Ficando vermelho de raiva. Charlie olhou para seus homens.

– Não estou gostando disso, Geraldo – o comandante inglês estava começando a se exaltar.

Pedro estava começando a ficar vermelho também e os homens estavam inquietos ao fundo, alguns até tirando as pistolas e espadas dos coldres e das bainhas.

De repente, Atena sentiu um impulso, ela perdeu parte do controle do corpo novamente, Joaquim desejava isso. Ela sempre permitia que ele tomasse o corpo enquanto seu verdadeiro corpo tomava água ou ingeria algo lá em 2074, mas logo retomava, evitando perder contato. Mas naquele momento, realmente o menino havia forçado a adquirir o controle da situação.

Intrometer-se no meio e acalmar PedroAtacar inglês e iniciar uma batalha