Pensando rapidamente, Joaquim confessa que teve um sonho estranho na última noite, alegando que um anjo visitou-o e falou para salvar a frota com aquele conhecimento.

– O que lhe disse? – O cozinheiro era extremamente religioso e acreditava facilmente nas visões religiosas do mundo e eventos milagrosos.

– “Salve teus irmãos com as frutas ou da doença serão consumidos.” – Joaquim falou aquelas palavras com um toque dramático e unindo as mãos na frente do médico. – Precisamos alimentar os tripulantes com frutas mais ácidas, assim venceremos a ira de Deus.

Era incrível o quão manipuláveis os seres humanos eram e ainda são, basta centrá-los em alguma crença ou assunto e apresentar pontos específicos que eles queiram ver e ouvir, enganando-os pelos sentidos e do querer, ignorando sua razão, principalmente se esta está anuviada de vieses.

Assim foi feito, a maioria dos tripulantes acreditaram no sonho de Joaquim, muitos pediram-no para repetir a história e outros até esperavam que o garoto sonhasse novamente com o anjo de Deus. Com a presença divina do anjo no garoto, as revoltas pararam de vez, como respeito a Deus e agradecimento pelas melhorias do estado de vida.

Dias se passaram e grande parte do estoque de frutas ainda boas haviam sido consumidas, além da água dos barris que já estava escassa próximo do dia 15 de abril. Os benefícios que isso gerou foram notáveis, muitos conseguiram suportar as dores e sangramentos até ali, outros casos muito piores, partiram dessa para melhor.

O médico tentou a todo custo salvar os menos doentes, mas vários corpos foram jogados ao mar, consumidos pelo escorbuto e por outras doenças estranhas e desconhecidas.

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