Uma nova tela surge, mas diferente dessa vez. Ela exibe a visão de alguém em um quarto bem mobiliado, com uma janela ampla que ilumina o recinto em contraste às paredes cinzas de tijolos.

Ela levantou da cama e se encaminhou para a janela, dando de frente com uma paisagem deslumbrante, a cidade de Lisboa em seus tempos antigos de um lado e o porto do outro. O sol nascia ao leste, deixando as construções num tom dourado, em contraste com a tempestade que, possivelmente ocorrera na noite anterior, se afastava ao longe.

Atena nota algo estranho em si, ela não sente mais seu corpo, o corpo dela, onde sua mente estava minutos atrás. Ela não estava mais em seu corpo, a viagem havia funcionado, havia incorporado na mente de outra pessoa, na mente de seu ancestral em particular.

Ela estava em um corpo esguio, com pele clara, usava vestimentas simples, mas com algumas características que revelam sua classe social mais alta que as demais.

– Apresse-se garoto, não podemos chegar atrasados. – alguma voz surge ao longe, possivelmente falando com ela/ele.

Obs.: Iremos chamá-la com pronome masculino a partir de agora, acompanhando o gênero do corpo que ela incorporou, mas retornando ao seu gênero feminino sempre que necessário.

O garoto parecia ter em torno de 18 anos, três anos mais novo que Atena, vestindo botas escuras, roupas escuras e folgadas, típicas daquela época. Ele desce as escadas, parando em frente a um senhor alto com barba longa, vestindo uma túnica bordô com leves ornamentos. Atena reconheceu rapidamente quem era, mas não demonstrou nada no rosto do garoto.

– Não, lhe adotei para que andas a vagabundear pela minha casa, garoto! Leve essas caixas logo! – Pero Vaz de Caminha parecia bastante rabugento para uma manhã que recém começava.

– Claro senhor. – Atena estranha a voz que saiu de sua boca, mais grossa e masculina.

Aquele corpo a deixava estranha, parecia sujo e mal cuidado, mas são coisas que Jonas havia comentado sobre acontecer um estranhamento e desconforto ao se incorporar em outra pessoa.

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